Fiel à tradição que lhe deu origem e ao seu tempo, uma das práticas intelectuais a que Paulo Rónai deu grande expressão através dos jornais de maior circulação do Brasil, em meados do século XX, foi a crítica literária. Devido talvez à sua imagem fortemente ligada à tradução, que contrariamente à tradição húngara, na época em que Rónai se projetou no cenário literário brasileiro não encarava a atividade tradutória como uma atividade literária nobre, o que se constatou após o mapeamento da obra ronaiana e de sua fortuna crítica foi que, com raras exceções, a sua atuação como crítico literário não havia sido levada em conta. As referências localizadas ou faziam jus ao tradutor, ou ao lexicógrafo, ou ao filólogo, mas não faziam menção à sua vasta produção como crítico. Segundo o levantamento apresentado na dissertação “Paulo Rónai, um brasileiro made in Hungary”, comprovadamente Rónai publicou cerca de 800 artigos, uma centena dos quais ainda na Hungria, antes de 1941, e os demais em jornais e revistas especializadas brasileiras e internacionais. Uma pequena parcela desses ensaios é preservada na forma de livros publicados posteriormente, mas a grande maioria corre o risco de se perder no esquecimento, apesar de seu valor crítico e literário. O objetivo é dar a conhecer o perfil dessa produção literária de Paulo Rónai e examinar de que maneira ela se coadunava com sua atividade tradutória, e avaliar sua contribuição no cenário intelectual brasileiro.