Este artigo tem como objetivo analisar e qualificar o tráfico de pessoas como um fenômeno complexo e multidimensional e considerar os paradigmas de produção de conhecimento como estratégia compreensiva nas múltiplas esferas de ação e de enfrentamentos que lhe são peculiares. O conhecimento desse fenômeno na perspectiva de novas abordagens teórico-metodológicas, conceitos e indicadores contribui para dar a ele visibilidade e mostrar a complexidade que o envolve. O tema será tratado com foco na infância e na juventude, considerando que parte dessa população encontra-se em situação de risco e de vulnerabilidade. Examina-se também a necessidade de ampliação do conceito de tráfico em suas múltiplas práticas e mecanismos e as formas de como as instâncias, Estado, sociedade e comunidade internacional podem atuar no enfrentamento da questão. No campo de produção de conhecimentos, apresenta este trabalho a necessidade de estabelecer consensos epistêmicos e paradigmas analíticos para que a temática seja objeto de estudos e de pesquisas, alargando o conceito de tráfico e as visões epistemológicas que fundamentam a pesquisa e a produção de novos conhecimentos. Em outra vertente, ressalta-se a necessidade de as instituições de pesquisa formarem grupos e redes de informações na perspectiva de democratização do conhecimento produzido e avanço na metodologia e nas abordagens de pesquisa. Faz-se necessário ressaltar que, essencialmente, estes grupos devem subsidiar a formulação de políticas públicas de reforço aos direitos humanos, elaborar agendas de ação entre redes de combate ao tráfico e fortalecer ações de promoção da cidadania e de relações igualitárias.