O jogo imagético é comum ao homem desde a pré-história, e ao longo dos anos a cultura da imagem retratando o real e o imaginário consolidou-se. No período renascentista e barroco, a transcrição por meio de imagens (óleo sobre tela, afrescos, gravuras, etc) de passagens bíblicas, textos pagãos e da cultura grega foram tão impactantes, que até hoje, obras feitas há mais de setecentos anos atrás, são consideradas como a verdadeira arte. No século XX Salvador Dalí retratou algo diferente do que se costumava ver nos períodos anteriores: o Surrealismo que ilustra o imaginário, o incomum, o irreal. As ilustrações já eram utilizadas em livros antes mesmo da criação da prensa por Gutenberg. Aliás, muitos textos científicos (uns postos como livros de bruxaria) foram escritos e ilustrados manualmente. Com o crescente número de publicações, as ilustrações também ganharam lugar na prensa. Hoje já é comum ter um livro ilustrado, que um livro apenas com texto escrito, Uribe e Delon (1983) afirmam que as ilustrações servem não só como auxiliares do texto escrito, mas em muitos casos, como a própria base narrativa, incentivando uma melhor compreensão da história e auxiliando os leitores iniciais. Conforme defendem as autoras, a ilustração nos livros tem um papel de suma importância para o desenvolvimento e a apreensão da leitura. Algumas vezes a própria ilustração serve como base narrativa, sem que seja necessário o texto escrito. O presente trabalho tem como objetivo analisar as imagens e a maneira como elas foram dispostas na obra Fausto em quadrinhos, identificando a importância da ilustração na recriação de uma obra clássica. A versão analisada foi publicada na XI Bienal internacional do livro em Olinda/PE em outubro de 2017 pela editora Peirópolis na coleção Clássicos em HQ. Escrita por Leonardo Santana, ilustrada e colorida por Rom Freire e Daniel Ribeiro respectivamente. Conforme os estudos propostos, a ilustração não tem apenas o papel de retratar o que está escrito ou o que quer ser dito, mas sim, abranger as modalidades de percepção do indivíduo de acordo com Uribe e Delon (1983).