Este trabalho reflete acerca da condição feminina na sala de aula, tendo como base das discussões os contos ‘’Natalina Soledad’’, de Conceição Evaristo, e ‘’As cicatrizes do amor’’, de Paulina Chiziane. Refletiremos, com base na Lei 10.639/03, sobre o trabalho com as produções africanas e afro-brasileiras na escola e como o professor pode conduzir um debate a partir das narrativas: quanto à estrutura, ambos os contos assemelham-se na forma como o(a) narrador(a) nos apresenta as histórias das personagens; no que tocante à condição feminina, Natalina e Maria, as protagonistas dos contos, apresentam condições semelhantes, visto que as duas quebram, a seu modo, as ‘’tradições’’ que, ainda hoje, refletem no comportamento feminino, mas que, de certa forma, as tornam próximas das situações que se esperam de uma mulher. Como recorte temático, a questão da maternidade, analisando-a como símbolo de rejeição e aceitação – em ‘’Natalina Soledad’’, a personagem-título, rejeitada pelo pai, sai em busca de se autonomear, desconstruindo as imposições demarcadas pela figura paterna e no conto de Chiziane, Maria, a protagonista, após ser expulsa de casa, passa a aceitar sua nova condição, agora, como mãe. Ambas as narrativas apresentam semelhanças e distinções, fazendo-nos refletir sobre a importância de se trabalhar com produções africanas (moçambicanas) e afro-brasileiras, especialmente de autoria feminina, visto o pouco espaço que essas produções têm na sala de aula. Para isso, recorremos ao Método Recepcional (BORDINI & AGUIAR – 1988), visando observar como os(as) alunos(as) recepcionam os contos.