Publicado em 2008, o livro O alegre canto da perdiz de Paulina Chiziane traz para o cenário literário temas como o sofrimento causado pelo colonialismo no solo moçambicano, a vida profundamente alterada pela presença do colonizador, e as consequências visíveis desse contato. Muito mais do que um romance, O alegre canto da perdiz é a expressão imobiliária de como suas lembranças constroem a memória histórica sociocultural e literária do povo moçambicano, marcada por situações de discriminação ético-racial e de gênero, relações de poder, embate entre culturas, poligamia, entre outras. A escritora utiliza-se no romance de elementos da cultura tradicional, como contos e mitos, formadores de valores éticos e comportamentais. Ao trazer essa oralidade para o texto, Chiziane sugere uma reflexão sobre a história e cultura dos países africanos por meio da literatura. Nesse sentido nos propomos a investigar: 1) Como a memória constitui-se e apresenta-se no romance O alegre canto da perdiz (2008) de Paulina Chiziane? Este questionamento nos ajudou a responder o objetivo geral da nossa pesquisa que consiste em investigar a construção da memória na obra O alegre canto da perdiz (2008) de Paulina Chiziane e o objetivo específico: 1) analisar a relação memória-identidade no romance de Chiziane. O presente estudo se faz relevante para situar a importância da memória na construção da identidade do povo moçambicano. Para a concretização dessa pesquisa foram realizadas a leitura e estudo de textos que abordem a presença da memória em textos literários, na sequência apresentamos a seleção e análise de partes do romance, a fim de constatamos a construção da memória na obra. Para tanto, esta pesquisa baseou-se nos estudos de Bauman (2005), Pollak (1992), Halbwachs (2006), Nora (1993), Bhadha (1998), Padilha (2007). No romance estudado pudemos comprovar que a oralidade, através da memorização, repassa o saber e a tradição que existe em Moçambique. Percebe-se que preservar esta memória coletiva tem sido nitidamente uma preocupação da literatura do país, uma vez que ele tenta reconstruir suas origens.