Considerando o contexto histórico em que foi escrita a fábula musical Os Saltimbancos, de Chico Buarque e Sérgio Bardotti, bem como a inclusão de variadas temáticas, desde a exploração da classe trabalhadora no sistema capitalista, até a emancipação da mulher e a crítica ao regime militar no Brasil, esta pesquisa analisa o modo como a obra, a partir de uma perspectiva crítica de integridade da condição humana, apresenta a trajetória de emancipação subjetiva e social das personagens. Tendo ciência de que este texto se direciona ao público infantil, este artigo procura apreender alguns aspectos históricos, culturais e sociais representados e que tocam numa reflexão acerca dos direitos humanos, sem menosprezar a tentativa estética de viabilizar o diálogo desta produção com as crianças. Diante deste cenário, verifica-se a possibilidade de elaboração de um trabalho que considere tanto a linguagem sensível ao público infantil quanto a reflexão sobre a indispensabilidade de direitos, especialmente aqueles relativos ao trabalho e à liberdade, ambos explicitamente infringidos na história contada na fábula. Dessa maneira, o estudo procura discutir a relação entre a literatura e os direitos humanos, inspirado em Candido (2011) e na própria declaração universal dos direitos humanos, a partir da investigação de como o trabalho (ALBORNOZ, 1988) está representado na obra e quais relações ele medeia entre as personagens, que saem de uma condição de submissão à liberdade. Ao final, este trabalho corrobora que a obra em questão favorece ao processo de ensino-aprendizagem, tendo em vista que ela possibilita tanto a apreciação literária quanto à problematização de mazelas que permeiam o espaço social, no qual também se inserem os aprendizes.