Árvore-símbolo de países como Porto Rico e Guiné Equatorial, a figura da ceiba (paineira, sumaúma no Brasil; poilão na Guiné-Bissau; oká em São Tomé e Príncipe; ya’axché entre os povos maias do México) constitui importante referência para alguns escritores da África e das Américas. Este é o caso da guinéu-equatoriana Raquel Ilombe, que evocou textualmente em seu primeiro livro de poesias a árvore sob cuja sombra as antigas sociedades bantas se reuniam para o compartilhamento dos saberes tradicionais. Associado à publicação do primeiro livro infantil de narrativas curtas (Leyendas Guineanas, 1980), bem como da supracitada primeira antologia individual de poemas autorais femininos da Guiné Equatorial (Ceiba, 1978), o nome da escritora parece não ter alcançado, entretanto, visibilidade maior dentro do atual cenário das letras hispânicas e africanas. Desaparecida em idade relativamente precoce, a também pintora, bailarina e cantora deixou uma vasta obra por publicar, postumamente organizada pela ensaísta Benita Sampedro numa antologia inédita que não por acaso foi batizada de Ceiba II. Apoiado no pensamento crítico de NDONGO (2000), NGOM (2003) e SAMPEDRO (2015), o presente estudo busca identificar elementos característicos das culturas bantas e hispânicas que permeiam parte da obra de Raquel Ilombe tendo como ponto de partida os livros em questão. A abordagem privilegiará, nesse processo, as relações estabelecidas entre oralidade, escrita, identidade cultural e pertencimento étnico-racial.