Literatura, espaços de memória e artes visuais. Proponho uma reflexão sobre as diversas formas de construir sentido sobre os acontecimentos trágicos das últimas ditaduras cívico-militares da Argentina e do Chile através de reflexões em três vias que se interligam: a análise literária das obras La dimensión desconocida (2017) de Nona Fernández e Los topos (2008) de Félix Bruzzone; algumas ideias sobre o papel dos lugares de memória como Londres 38 e Museo de la Memoria y los Derechos Humanos (Chile), Museo Sitio de Memoria ESMA e Museo de la memoria de Rosario (Argetina); e uma aproximação à experiência das artes visuais que criam a partir das memórias das ditaduras, destacando os artistas Graciela Sacco, Alfredo Jaar e Lucila Quieto. Baseada em perspectivas desenvolvidas por Elizabeth Jelin em Los trabajos de la memoria (2002) e Nancy Nicholls em Memoria, arte y derechos humanos: la representación de lo imposible (2013) questiono as diferentes formas que esses distintos meios usam para dar novos sentidos às memórias do passado recente. Observo, dessa forma, como a literatura, a arte, os espaços da recordação de forma geral, se estruturam na constante disputa pela memória coletiva, proporcionando novos ângulos e possibilidades de se lidar e entender o passado.