O corpo é o meio pelo qual se experimenta o mundo, seja ele real ou fruto de criação artística. Durante a leitura, mesmo concebendo uma realidade não materialmente presente, o leitor usa a imaginação como força vivificadora das pulsões sugeridas pelo texto literário/poético. Mediada pela escrita, a voz narrativa materializa o discurso poético possibilitando a percepção da encenação do ato performativo. Este texto constitui-se numa reflexão sobre a leitura que parte da fenomenologia da percepção de Merleau-Ponty, passa pelo Prazer do texto, de Roland Barthes, chegando aos conceitos de performance e voz de Paul Zumthor. Esse percurso oferece-se como oportunidade de pensar a voz e a performance - conceitos mais frequentemente relacionados à oralidade -, sob a perspectiva da leitura silenciosa do texto literário.