Este trabalho tem por objetivo refletir sobre uma experiência de leitura do personagem Raimundo, da narrativa literária “A Terra dos Meninos Pelados”, evidenciando as relações interativas entre leitor - texto e a reverberação na recepção. Raimundo é hostilizado devido à sua diferença física, fato que o faz sentir-se excluído, passando então a isolar-se dos demais até que, enfim, inventa a terra maravilhosa de Tatipirun, lugar no qual ele supera seus sofrimentos ao se aceitar diferente nas interações com o outro. Assim, decide voltar ao mundo real e conviver com a rejeição, revelando – dessa forma – o próprio amadurecimento. Na narrativa em estudo, o personagem Raimundo ocupa um lugar de descoberta que possibilita ao leitor pensar na forma pela qual Graciliano Ramos construía suas narrativas como um processo que implica escolhas e decisões. Além disso, este estudo também visa analisar a representação do personagem Raimundo em suas relações com o leitor implícito e refletir sobre a recepção dessa narrativa em sala de aula a partir da seguinte questão: Como se apreende o objeto estético? Dessa forma, pretende-se refletir sobre a maneira única com a qual cada um vivencia a leitura, que pode provocar mudanças no leitor, pois o texto somente torna-se conhecimento por meio da experiência leitora daquele que o lê. Assim, parte-se da hipótese de que uma leitura viva e significativa torna-se relevante para a formação de leitores como algo que só se torna possível quando o texto provoca um impacto, ampliando ou alterando ideias, conceitos e valores do leitor. Este, portanto, assumirá uma postura dialógica ora refletindo sobre a realidade ficcional ora sobre a própria realidade que capta no dito e no não dito motivos que o levará a se posicionar diante de determinadas situações. Partindo desse princípio, foi desenvolvida uma experiência de leitura com o texto literário “A Terra dos Meninos Pelados” em uma turma do primeiro período de graduandos em letras do PROESP/UNIVERSIDADE ESTADUAL DE ALAGOAS, campus Arapiraca. No trabalho com a leitura, exploraram-se o corpo e a voz dos alunos participantes, os quais revelaram suas impressões por meio de uma conversa informal (observação participante) e registro escrito em um questionário sobre a memória de leitura de cada um deles. A nossa discussão ancora-se em de diversos autores envolvidos com teorias de leitura e da narrativa literária, tais como Chartier( 2009), Iser (1996), Zilberman (1989), Kefalás(2012), Benjamin (1994) Lima (1979), Rocha (1999), Cosson (2006), Pinheiro (2003), Bordini e Aguiar (1993), Pinheiro e Nóbrega (2006), Certeau (1998), Glowacki (2007), Bondia (1999), Silva (2011), Villardi (1999), Zumthor(2000) e Barthes (1987/2004/2002). De fato, a interação leitor/texto não se efetiva de qualquer modo, para que haja esse processo necessita-se do amadurecimento resultante de uma frequente prática leitora que possibilitará ao leitor envolver-se com aquilo que lê.