Análise do processo social no romance As Filhas do Arco-Íris (1980), destacando-se a valorização do cômico através das relações entre as personagens: o cego, o bêbado e o doido. Observa-se que o cômico permite a abordagem do desvio dos moradores da comunidade de Gurinhatá, seja por seus vícios, condições sociais ou dificuldades de se relacionar com os demais habitantes. Na vila, o comportamento das pessoas é de distanciamento diante dos excluídos, cujo resultado é certa rejeição às condições de vida dessas personalidades em virtude da ausência de valores físicos, sociais e psicológicos. Em virtude dessa ausência, os moradores não admitem que eles abalem a hierarquia social das autoridades, entre eles: coronel Tidudô, padre Santo, Pai Estêvão, sendo que com o último, as atitudes dos três têm uma relação mais agravante. É assim que eles se tornam três elementos propensos a criar suas fantasias e dar sentido à realidade nas relações sociais. Cada um apresenta, conforme o narrador, experiências com aventuras, viagens e brincadeiras. O riso se move por toda parte, sugerindo a liberação do censurado, permitindo transcender os limites da razão. Ao longo da análise, procura-se também estabelecer considerações com personagens excluídos de Primeiras Estórias (1962), de Guimarães Rosa, texto fundamental da moderna narrativa brasileira. A pesquisa tem como suporte teórico os seguintes autores: Antonio Candido, Walter Benjamin, Mikhail Bakhtin, Henri Bergson, Concetta D’Angeli, Guido Paduano, Diderot e outros.