Os estudos sobre o sertão pelas escritas de João Guimarães Rosa e Oswaldo Lamartine de Faria nos levam para um plano não apenas de ambientes, tipos, costumes e histórias, mas para uma possibilidade de reconhecimento dos potenciais humanos em dois projetos estéticos construídos por gêneros textuais diferentes. Logo, para analisarmos suas semelhanças de criação, particularmente as experiências humanas processadas pelo recurso da memória e do tom narrativo enquanto ato vital, torna-se necessária a investigação de seus processos de escrita pelos caminhos do romance e do ensaio, como um modo de identificar diferentes abordagens da mesma temática. Dessa forma, pela comparação das características de gênero e estilo das obras Grande sertão: veredas (2011) e Sertões do Seridó (1980), identificamos contatos entre as ressignificações do sertão e, partindo disso, nosso estudo propõe uma perspectiva do plano de rememoração presente em ambas as obras enquanto fator comum de “enriquecimento” do espaço. Para tanto, analisamos nosso corpus pela perspectiva geral do ato de narrar por Walter Benjamin (1987) e das memórias e suas reconstruções por Eclea Bosi (1979) e Maurice Halbwachs (2006), tendo como primeiro plano o diálogo entre a escrita em prosa segundo Anatol Rosenfeld (2011) e a escrita ensaística segundo Theodor Adorno (2003). Com isso, alcançamos a visão das escritas Roseana e Lamartineana em nível de discussão ainda inédito.