PONTES, Carlos Gildemar. A poesia no processo de descolonização. E-book SINAFRO... Campina Grande: Realize Editora, 2018. p. 159-165. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/39562>. Acesso em: 20/11/2024 02:21
O movimento nacionalista angolano, liderado pelos intelectuais das letras, organizados em torno da Imprensa Livre e do Vamos descobrir Angola (grupos responsáveis pela formação da literatura angolana de expressão portuguesa), ganharam fôlego no Século 20 com a presença de escritores que formaram o primeiro movimento literário autenticamente angolano: Movimento dos Novos Intelectuais de Angola, surgido em 1950. Apesar de a Imprensa tentar afirmar a cultura angolana no Século anterior através de publicações em língua Kimbundu, como forma de preservar a identidade nativa, diferenciando-a do colonizador, essa afirmação de nacionalidade só veio com a assimilação da língua portuguesa. Como em todo processo de colonização, a história tem mostrado que a cultura do colonizador tende a predominar pelo poder econômico e pela força. A resistência cultural promovida pela Imprensa angolana cedeu aos ?encantos? do capital e à sugestão das armas. A partir de 1950, toda essa afirmação de nacionalidade foi feita usando recurso semelhante ao movimento modernista brasileiro, devorando a cultura do estrangeiro e transformando-a em cultura assimilada e suplantada. A literatura resultante desta relação surge como uma forma de luta contra o distanciamento cultural anterior. Foi pela poesia que o processo de descolonização pode ser trabalhado tanto na oralidade como na sua forma escrita. Um dos importantes intelectuais que promovem esta afirmação pela poesia é o escritor João Melo, que apresenta o melhor deste sentimento de libertação como forma de promover a angolanidade.