Este texto apresenta um estudo sobre as práticas pedagógicas desenvolvidas pelo educador e médico Edouard Séguin (1812 - 1880) no processo de ensino de pessoas com deficiência intelectual. Objetiva-se contribuir para a compreensão do processo de constituição da educação especial a partir do século XIX, além de contribuir também para a compreensão das bases de várias propostas pedagógicas. Por se tratar de um estudo de caráter teórico, considerou-se a produção teórica na área da educação especial, contemplando a leitura e a análise de materiais sobre a vida, os estudos e as experiências desenvolvidas por Edouard Séguin, tendo como fonte primária os textos de sua própria autoria. Toma-se como base as duas obras de Séguin que contêm todo seu trabalho realizado com crianças e jovens com deficiência intelectual – “Traitement moral, hygiène et éducation des idiots et des autres enfants arriérés” (1846) e “Idiocy and its Treatment by the Physiological Method” (1866) – delineando as contribuições destas para a educação de pessoas com deficiência intelectual. Assim, verificou-se que uma das principais credenciais de Séguin era acreditar na possibilidade de aprendizagem de seus alunos. Sua proposta de educação considerava a pessoa integralmente (os aspectos físicos, as suas funções, os aspectos psicológicos, a vontade, os sentimentos, a atividade física e a experiência). Séguin também acreditava que a criança necessitava do apoio de alguém, mas não uma interferência que lhe impedisse de realizar ações por conta própria. Por fim, conclui-se que o sistema de ensino para crianças com deficiência intelectual elaborado por Edouard Séguin mostra a necessidade de adaptar estratégias de ensino às peculiaridades de cada criança, com ou sem deficiência. A análise dessas peculiaridades e de suas transformações é a base para uma metodologia de ensino especial para pessoas com deficiência intelectual.