A arte imita a vida ou a vida mimetiza a arte? Parece-nos impossível responder a esse
questionamento, dada a íntima relação entre o artístico e o social. Todavia, o que sabemos é que, sem a
arte (imaginação, efabulação, criação, invenção), o homem sucumbiria à concretude da existência. E,
nesse contexto, situamos nossa discussão sobre o papel da literatura na formação do indivíduo. Nas
últimas décadas, apesar dos avanços e descobertas epistemológicas no seio das academias, em
especial, dos cursos de Letras, deparamo-nos, ainda, com um ensino de literatura deficiente em muitas
das escolas brasileiras. São poucas as instituições que acreditam, dadas as exigências de uma
modernidade calcada na racionalidade, no poder transformador do código poético. Eis o que nos leva,
aqui, a discorrer a respeito do status da literatura na promoção da subjetividade e da autonomia dos
indivíduos. Para tanto, em termos metodológicos, empreendemos uma pesquisa de cunho
bibliográfico, articulando conceitos provenientes do campo psicanalítico com reflexões extraídas da
Teoria Literária, numa lógica discursiva em que as verdades se desterritorializaram em favor da
sustentação da experiência e do contato com o outro. Quando necessário, apropriamo-nos de teóricos
afins, sempre a preservar o diálogo convergente e a complementaridade da argumentação.