A pesquisa está embasada nos estudos dos cenários educativos das populações do campo na América Latina, construído por meio da perspectiva analítica e dos estudos decoloniais. Tais estudos concebem uma possibilidade epistemológica de superação das condições da exploração cultural e científica das produções do hemisfério norte em detrimento das produções do sul. Dessa forma, fundamentaremos nossa reflexão/ação pelos estudos de QUIJANO (2009) e SANTOS (2009). As discussões que circundam em torno da educação para as populações campesinas são vistas historicamente como uma contenda a margem e ainda inferior em relação à educação urbanizada. Seguindo essa linha de pensamento posto como europeizada, que coloca a industrialização e a urbanização como foco do desenvolvimento, marginalizando toda nossa característica social, econômica e cultural relacionado ao espaço agrário e ao campesinato. Outro aspecto está atrelado as condições do nosso próprio histórico de colonização, caracterizado pela violência e pela expropriação agrária e cultural, as populações do campo sofrem com a elevada concentração de terras e pelos conflitos gerados por questões agrárias e pelas representações sociais de atraso e inferiorização (FERNANDES, 1999). Como uma proposta problematizadora dessa condição de pensar e fazer, encontramos na perspectiva da Educação Popular (FREIRE, 1983; BRANDÃO, 1981), alternativa construída historicamente pelas camadas populares da América Latina, um caminho viável de contraposição e superação das situações de opressão cultural, do saber, do poder e do ser dos povos campesinos. Dessa forma, consideramos como questão guia de nossa pesquisa: como identificar, a partir das leituras e discussões propostas por QUIJANO (2009) e SANTOS (2009) subsídios teóricos e práticos que apontam saídas e novos caminhos para o fazer e o pensar a educação para os grupos campesinos da América Latina? O estudo é proveniente de um projeto de pesquisa “Estudos decoloniais: os cenários educativos das populações do campo na América Latina”, desenvolvido no Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, Campus Ipanguaçu, além de ser fruto das reflexões do Grupo de Pesquisa Coletivo Terres (Terra, Educação e Saberes). A análise que orienta o texto caracteriza-se como uma pesquisa bibliográfica de caráter exploratório, com abordagem qualitativa.