Este estudo é fruto de uma pesquisa mais ampla, que propõe uma investigação no campo educacional, acerca das representações sociais de crianças de uma escola pública de São Paulo-SP sobre a cidade. O aporte teórico da pesquisa está ancorado na Teoria das Representações Sociais, desenvolvida por Moscovici (2003). Dentre os principais conceitos abordados, partiu-se da elaboração de Lefebvre (1991, 2008), que concebe a cidade como projeção da sociedade sobre um determinado local. Selecionou-se um grupo de onze crianças do ciclo interdisciplinar do ensino fundamental, que migraram para São Paulo nos últimos anos, que participaram de uma oficina de desenho e debate, onde os dados foram coletados. Buscou-se identificar: como as crianças representam a cidade em que vivem; quais os espaços são pensados para a criança; como se constituem enquanto criança na cidade; quais as possibilidades de diversão e lazer as crianças constroem ou são construídos para a criança na cidade. Com base na metodologia proposta por Franco (2012), os dados foram analisados a partir de duas categorias: “espaços públicos” e “espaços privados”. Os resultados da pesquisa permitiram observar que as representações de crianças sobre lazer e diversão vêm se modificando com ao longo do tempo. Na cidade, sobram pouquíssimas opções de espaços públicos lazer e diversão e cresce, com isso, a relação das crianças com o consumo por meio de espaços privados de sua cidade. Além disso, muitos espaços concebidos como públicos assumem a mesma lógica dos espaços privados, condicionando cada vez mais seu uso, por fatores como a violência urbana.