Resumo:
O presente trabalho tem por objetivo discutir a importância das narrativas na formação docente, bem como analisar de que forma através desses gêneros de discursos professores/as, alunos e alunas do Curso Normal se compreendem produzindo saberes e conhecimentos na medida que narram o que os inquieta, o que os interessa, suas concepções e sentidos que atribuem ao trabalho que desenvolvem ou que observam outros desenvolverem. Por estarmos diretamente implicadas com a temática discutida no trabalho, optamos pela abordagem metodológica das narrativas biográficas e (auto)biográficas. A pesquisa narrativa se configura uma forma de entender as experiências em um processo de colaboração entre pesquisador e pesquisado. Nela podemos encontrar escritos e dizeres reveladores dos sujeitos, não somente de dilemas, mas de expectativas e desejos. A ideia de trilhar por esse caminho cria em nós expectativas de podermos documentar o que os alunos e alunas fazem, o que pensam e suas inquietações, dificuldades, conquistas, impressões e produções intelectuais em torno do fazer docente. Consideramos que possibilitar alunos e alunas a narrem suas experiências e suas histórias permitirá melhor compreendermos esse processo formativo que vivenciam e ressignificá-lo continuamente. Dar voz às narrativas é permitir que cada texto abra às várias possibilidades de leitura colaborando com cada leitor de forma distinta trazendo a estes, novos sentidos de experiências, aprendizagens e modos de conduzir o ensino. Por isso o trabalho com narrativa é um trabalho formativo, criativo e autônomo direcionado por todos os envolvidos desencadeando um processo formativo e auto formativo. Ao narrar, tanto pesquisador, quanto pesquisado tem a possibilidade de se perceber e até mesmo reconstruir trajetórias, dando-lhes novos significados e de transformar a própria realidade. Em geral, as vozes dentro da escola são pouco ouvidas, sobretudo de alunos e alunas. São vozes silenciadas daqueles que tradicionalmente foram esquecidos no que se refere ao direito de compartilhar, de expressar-se ou de opinar. Por isso, consideramos importante ouvi-los. E o que a escuta do outro imprime em nossas aprendizagens? A escuta do outro nos permite atribuir novos significados, nos permite pensar em novos projetos e em novos rumos. Dar a escuta ao outro vai nos permitindo refletir sobre os processos formativos e práticas pedagógicas dos quais estamos implicados no cotidiano escolar. Educandos e educadores precisam ser pensados como sujeitos ativos capazes de construírem conhecimento a partir de relações dialógicas que conseguem estabelecer. Todas as experiências são de suma importância, todas merecem atenção. É refletindo sobre elas que teremos acesso a novos conhecimentos e novos posicionamentos que apontam para possibilidade de uma escola mais humana e transformadora.