No presente trabalho, numa abordagem interdisciplinar entre os campos do direito e da literatura, promovemos uma análise do conto “O cobrador”, de Rubem Fonseca, discutindo, a partir da leitu-ra, como a narrativa inspira questionamentos perante a tese dos direitos individuais como direitos absolutos, reafirmando sua validade apenas no seio de um ordenamento jurídico, uma vez que os direitos, por mais fundamentais que sejam, são historicamente criados, extintos e modificados, conforme a visão de Norberto Bobbio. O conto fonsequiano expõe a fragilidade dos direitos e dos discursos que os sustentam, quando a própria ordem que poderia garantir sua eficácia já mal se sustenta, já se encontra em crise e decadência.