O presente trabalho expõe algumas reflexões sobre três rodas de conversa entre homens realizadas em 2016, sendo as duas primeiras sobre consentimento e abuso sexual e a última sobre relações abusivas entre homens que relacionam-se afetivo-sexualmente com outros homens. Acredito que tais espaços são privilegiados para o “trabalho do tempo”, conforme formulação de Veena Das. Sob tal perspectiva, as rodas constituem espaços nos quais os sujeitos podem expor experiências particulares e confrontá-las, e, ao fazê-lo, constroem significados comuns. Neste processo, de elaboração de significados compartilhados socialmente, categorias de violência são questionadas, ressignificadas ou mesmo criadas. Deste modo, o sofrimento aliado a certas experiências, que até então não possuía inteligibilidade social, passa a poder ser lido como resultado de violência.