O artigo teve como objetivo investigar a concepção de travestis sobre envelhecimento, a partir de suas memórias e oralidades, reproduzindo suas histórias de vida. Memórias essas vinculadas aos sentimentos, necessidades, dificuldades e preconceitos dentro de seus desafios enquanto pessoas com expressão de identidade de gênero diferentes daquelas tidas como aceitas socialmente. O recorte da pesquisa foi desenvolvido através de entrevistas com três travestis, em um estado intergeracional, onde foram realizadas entrevistas semiestruturadas possibilitando com que as interlocutoras expressem suas memórias e condições de vida enquanto travestis. Essa pesquisa, sendo realizada na cidade de Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte. Através dessas narrativas procurei analisar o contexto de violência, classe e construção de identidade de gênero dessas interlocutoras. Avaliando a trajetória de vida, suas preocupações e conflitos diante do envelhecimento, enquanto membros de uma sociedade sexista. O presente artigo possibilita observar que a narrativa das interlocutoras se constrói por fragmentos de sociabilidade. As percepções sobre essas memórias não são construídas somente em um contexto de violência e discriminação, mas sim de autorrealização, se travestir para essas interlocutoras é um objetivo de vida, é um bem viver, que independente do contexto de violência construído na sociedade, esse processo vai ser iniciado. Podemos notar também, que a percepção de envelhecimento tem uma variável dependendo do contexto de vida de cada interlocutora, podemos associar isso as diferença de classe e faixa etária, e através das relações sociais, entre familiares, amigos, e a rua, constroem-se os trajetos relacionados à performatividade dessas travestis, desde sua infância até a vida adulta.