A convocação para o discurso biográfico e autoficcional solicita refletir o processo de reinvenção da subjetividade. O objetivo é pensar como a obra ficcional de João Gilberto Noll e Caio Fernando Abreu é indisciplinar por amostragem, ao repercutir, em suas escritas, as linhas de força e de resistência com as quais é possível apresentar o desconhecido. É de onde autor e narrador se distanciam de significados considerados como universais e paradigmáticos e representam o trânsito, derivas, diferenças, subjetividades que passam a ser operadas por discursos que exaltam o modo de vida fora de lugar de normas e conceitos sob estigmas. O realce ao caráter biográfico, nas obras dos escritores, é expressão que procuro questionar com a implicação de o poder da metodologia comparativa processar a relação arte e vida, mediando temas, como as dissidências formas de as sexualidades serem vistas nas livres posições de sujeitos e nas intermitentes vozes que se fazem ouvir. Portanto, a leitura que pretendo argumentar é de que biografar sujeitos, identidades, sexualidades é um cultivo do poder de fala, revelando a ideia de superação proveniente da dicotomia arte/vida com críticas culturais diante dos perfis que não rompem a linha que naturaliza e centraliza o estético e o modo político de viver.