O Projeto de Extensão Universitários Vão à Escola - UVE, da Universidade de Brasília - UnB, realiza atividades diversas com crianças e adolescentes de 6 a 17 anos em um espaço educativo comunitário e informal na Região Administrativa de Itapoã - DF. O artigo busca apresentar as discussões e as problemáticas que surgem durante o cotidiano da prática extensionista ao tratar com questões sobre sexualidade, gênero e educação sexual. Ao nos apoiarmos na construção pedagógica emancipadora e libertária de Paulo Freire, discutimos como tratar assuntos sobre prática sexual e identidade fugindo de uma noção moralista e castradora da autonomia e dos distintos processos de desenvolvimento e entendimento da sexualidade.
Partindo das noções de horizontalidade e educação dialógica, o Projeto busca estabelecer espaços lúdicos e acolhedores em que não ocorra uma exclusão da sexualidade do processo educacional. Questionamo-nos, então, sobre como sair de uma posição autoritária, comumente associada à figura adulta nos espaços escolares constituídos a partir das dicotomias entre educador-sujeito e educando-objeto. Ao tratar sobre corpo, desejo e sexo, percebemos que tais desafios de como pensar uma ação pedagógica libertária adquire maiores complexificações, pelas interseccionalidades presentes de gênero, raça e classe.
Compreendemos que as crianças e adolescentes se inserem em suas realidades como produtoras de conhecimento sobre si mesmas e sobre seu contexto, teorizando e formando conceitos, noções e ideias sobre suas expressões sexuais, seus desejos e seus corpos. Partindo disso, buscamos apresentar as discussões prático-teóricas que balizam o planejamento de nossas atividades para a promoção de um espaço de liberdade para se tratar de sexualidade, desejo, cuidado e proteção.