A problemática da violência obstétrica é um fenômeno multifacetado. Questões como gênero, direito da mulher, cultura, papéis sociais, conceito ampliado de violências são todos pensados quando se discute essa temática. Compreende-se por violência obstétrica todos os atos desrespeitosos e práticas contra a mulher grávida e sua família em serviços de saúde durante o pré-natal, parto, pós-parto, cesárea e abortamento. A mulher objetificada, subjugada e, portanto, não se sentindo como dona de seu próprio corpo era/é submetida a práticas e intervenções médicas – masculinas, é importante frisar, uma vez que esse espaço sempre foi constituído pela figura do homem como maioria ou até unanimidade – que surgem, com o advento da Obstetrícia médica, numa perspectiva de solidariedade humanitária e científica diante do sofrimento, como forma de afirmar a superioridade masculina sobre o ofício feminino de parir. Por isso, o que vemos como violência hoje, uma vez que a mulher tem mais voz e empoderamento sobre seu próprio corpo, antes era visto como uma intervenção solidária e necessária, portanto, vários procedimentos passavam longe de serem vistos como invasivos e desnecessários. Hoje, faz-se urgente repensar essas práticas no intuito de garantir um parto onde a mulher seja realmente a protagonista e, portanto, com menos intervenções possíveis, que na maioria das vezes são iatrogênicas, traumatizantes. É preciso, sobretudo, o respeito pela mulher e a garantia do seu direito de parir sem se deixar ferir de forma alguma.