O artigo propõe uma análise e discussão de categorias teóricas construídas por Foucault e aprimoradas por foucaultianos, problematizando o seu possível uso como instrumento de análise da homossexualidade. Apresentamos os principais eixos temáticos de sua obra correntemente agrupada em três estágios: saber, poder e subjetivação. As categorias de amizade e estetização da existência exploradas na última fase de sua obra, possibilitam uma renovação das abordagens a respeito da homossexualidade, pois desafiam o discurso corrente da militância gay que luta pela afirmação da identidade, pelo fim da repressão sexual e pela liberação do desejo. Foucault problematiza cada uma destas reivindicações e acena com a possibilidade de construção de um estilo de vida gay que não se limitaria a repetir os modelos consagrados pelos heterossexuais centrados na legalidade, matrimônio e monogamia. Postula-se uma cultura gay que não se sobreponha às formas culturais gerais, nem se conforme aos padrões vigentes, mas que possa agir nelas e sobre elas, modificando as próprias relações heterossexuais. Uma possibilidade real de transformação implica experimentar novas possibilidades, ao modo da experiência artística buscar uma estetização da existência, uma crítica da experiência vivida buscando descortinar novas alternativas.