O trabalho é um relato da experiência realizada pelas mulheres do Movimento da Mulher Trabalhadora Rural do Nordeste (MMTR-NE) ao amadurecer as práticas pedagógicas feministas rurais e construir a Escola Feminista. Excluídas historicamente por múltiplas opressões, as mulheres rurais nordestinas acreditam na formação feminista e na multiplicação dos conhecimentos como estratégias valiosas para a participação efetiva na sociedade brasileira – e também para transformação dessa mesma sociedade e reafirmação do protagonismo das trabalhadoras rurais nordestinas. A partir de uma diversidade de saberes e de identidades – com o protagonismo de agricultoras, assentadas, quilombolas, indígenas, pescadoras, quebradeiras de coco e artesãs – as atividades de formação políticas das feministas rurais, planejadas e desenvolvidas por elas mesmas, tem criado um ambiente seguro, onde é possível refletir sobre as dificuldades e opressões que as mulheres enfrentam no seu cotidiano. Essa reflexão partilhada tem possibilitado o fortalecimento e a autonomia das mulheres sobre suas próprias vidas, transformando as relações nas famílias, na comunidade e nos vários espaços que elas vêm ocupando. O presente estudo investiga como elas assumem e elaboram suas práticas educativas, desenvolvendo uma pedagogia coerente com o contexto em que vivem e consolidando uma agenda política feminista, anti-racista e anti-capitalista.