O presente trabalho pretende discutir fragmentações da imagem do sujeito, seu corpo e suas pulsões a partir de representações iconográficas no cinema e na literatura sob o conceito de morte do afeto, a diminuição do efeito de ser afetado por algo (cf. BALLARD, 1995). Para tanto, tomaremos como objetos de análise o conto Crash! do compêndio de narrativas The atrocity exhibition (1969), do escritor inglês J. G. Ballard, e a adaptação cinematográfica Crash: Estranhos prazeres (1996), do diretor canadense David Cronenberg, os quais ensejam, em suas narrativas, reflexões sobre as dissidências entre as pulsões corpóreas e as tentativas de esvaziamento e padronização do sujeito sob os ditames da exaustão e normatização sexual midiática/pornográfica/industrial. Deste modo, a partir da análise dos objetos destacados, objetivamos apresentar uma elaboração acerca das principais questões relativas a morte do afeto e aos possíveis processos de dissolução do sujeito moderno via mutação corporal, engendradas por meio de uma miríade de estratégias como: pulsão de morte, colisões automobilísticas, fissuras e ambivalência sexual, estabelecidas a partir da relação/tensão do corpo com as mercadorias fetiches da sociedade hodierna, os quais são convertidos em novas configurações identitárias amorfas e heterogeneizadas.