Decifrar a si mesmo pode se constituir em caminhos jamais percorridos por outrem, no interior de corpos aprisionados, desejos emudecidos, revestidos em fantasias. O conto “O besouro e a Rosa” retrata o despertar da jovem Rosa, conhecida por sua pureza e infantilidade, a qual não havia manifestado curiosidade ou desejos que a censura e a moral proíbem ser exprimidos, ou melhor, até a chegada do besouro. Neste sentido, trata-se, então, do reconhecimento de si, do conhecimento do corpo, do sexo e suas potencialidades, ampliadas a partir das dimensões da sexualidade, que aspira o prazer, estranho a tal modo, como se fosse um desconhecido em “nós”. O corpo, este que possui desejos, dos mais primitivos aos corruptos, que crescem ao olhar do outro, delineando e constituindo a sexualidade do “corpo que é meu”, é sobre este, que se pretende discorrer neste trabalho. Para isso, optou-se, como caminho metodológico, a revisão bibliográfica acerca do corpo e suas vicissitudes, ora desconhecido, ora descoberto. Unido a isto, fez-se uma análise desses aspectos no Conto O Besouro e a Rosa, do autor Mário de Andrade (2013). Logo, nota-se que a personagem Rosa, ao descobrir seu sexo e sexualidade e, consequentemente, o prazer, inicia uma intensa busca de volta as sensações antes adormecidas que ganham nome e lugar. Assim, não mais conhecida por sua pureza, alimentava fantasias noturnas que deixava o interior de seu sexo em chamas, incendiando um corpo não mais desconhecido e, sim, um corpo erótico. Além disso, observou-se o lugar de destaque do corpo da personagem, sendo minuciosamente detalhado em traços e sensações libidinosas.