LIMA, Valeska Nogueira De. Educação e construção identitária em “minha mãe é negra sim”. Anais I CONBRALE... Campina Grande: Realize Editora, 2017. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/30293>. Acesso em: 22/11/2024 13:00
As obras literárias, na escola, podem ser importantes veículos da cultura, da reflexão sobre a ética nas relações sociais e de poder, como ainda na construção e reconstrução identitária. Nosso objetivo neste trabalho é analisar, através da obra “Minha mãe é negra sim” de Patrícia Santana (SANTANA, 2008), o lugar da educação (escolar e não escolar) na construção identitária da criança negra. O livro conta a história de um menino negro que enfrenta o racismo na escola ao realizar uma atividade e é impedido de retratar a imagem negra da sua mãe. Utilizamos como referencial teórico a psicologia cultural na perspectiva de Bruner (2001) e a análise textual dos discursos (ADAM, 2008; RABATEL, 2016). Verificamos que o livro procura apresentar ao leitor uma progressiva compreensão das relações raciais através da assunção da identidade negra, partindo da problemática do estigma da cor. Para tanto, a educação familiar e intergeracional são cruciais na construção do sentimento de pertencimento, contrapondo-se ao saber legitimado e autoritário da escola. Concluímos que a análise crítica do texto pode favorecer um olhar mais amplo sobre a formação educacional escolar e não escolar, em suas possibilidades e limitações, e sobre a necessidade da assunção da identidade negra (docente e discentes) a partir de saberes não legitimados (BOURDIEU, 1998).