A indefinição do trabalho com a leitura literária e a não (ou a má) promoção de leitores literários nas escolas de ensino fundamental tem nos mostrado, por meio de pesquisas na área e de nossas experiências com os Estágios Supervisionados no curso de Letras da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), quão alarmante tem sido essa constatação. Tal fato nos preocupa porque, além de afastar um dos meios de formação humana dos indivíduos, que é a literatura, inibe uma das poucas oportunidades que muitos alunos têm de se aproximar dela: seu espaço consolidado no ambiente escolar. Por esta e outras razões, objetivamos aprofundar nossas investigações no campo escolar com o intuito de saber em que medida o texto literário tem sido ofertado aos estudantes de modo a lhes oferecer práticas de leitura que os tornem competentes enquanto seres em formação. Nossa maior proposta é trazer neste trabalho os resultados parciais de uma pesquisa que estamos realizando nas escolas de ensino fundamental da rede pública municipal de João Pessoa, vinculada ao projeto iniciação científica intitulado O trabalho docente na promoção e formação do leitor literário no ensino fundamental. Este projeto tem como um dos principais focos ir em campo e mapear os projetos de letramento literários que essas escolas realizam (se realizam), quem os elabora e quem os aplica no cotidiano escolar como prática de formação leitora. É a partir da coleta, da descrição, da análise e da interpretação dos dados da pesquisa a qual nos propomos a realizar que delinearemos com mais propriedade a projeção e a dimensão que os projetos de leitura se encontram nas escolas de ensino fundamental do município em questão. Nesse caminho, procuramos saber quais as concepções norteadoras dos professores para realizarem um trabalho com a leitura literária no espaço escolar, quais seus objetivos com ela e, se para isso, os projetos de leitura, tem se constituído como possibilidade de efetivação da formação de leitores; por fim, de que modo isso tem sido feito. Faz-se necessário, portanto, que a essa coleta dos dados esteja atrelado um estudo bibliográfico que versa sobre o assunto, por isso recorremos às pesquisas de Hérnandez e Ventura (1998), de Zabala (1998); de Colomer (2007); assim como um aprofundamento no conhecimento das teorias, especificamente da Estética da Recepção, e do que apontam as variadas críticas que podem embasar a defesa do leitor como protagonista em seu processo de formação literária, logo, recorremos aos postulados de Jauss (1979), de Zilberman (1988; 1989), de Aguiar e Bordini (1993), de Cosson (2006) e de Segabinazi (2013).