Conforme a finalidade do interlocutor, o texto pode se apresentar materializado em formas e modelos variados. Essa distinção se deve aos variados propósitos comunicativos, o que caracteriza a natureza dos gêneros textuais. Surgida primeiramente no domínio da literatura, a classificação dos gêneros textuais segue a orientação teórica bakhtiniana dos gêneros do discurso. Segundo ele, a língua se manifesta a partir de enunciados (orais e escritos) e se apresenta em distintos modelos de atividade comunicativa. Outrossim, os inúmeros gêneros textuais existentes também corroboram para a percepção de que eles são tipologicamente heterogêneos. Numa perspectiva sociointeracionista, a inserção do estudo, análise e produção de gêneros textuais na escola é uma tarefa significativa e positivamente enriquecedora de múltiplas aprendizagens. Para Schneuwly e Dolz (1994), na escola, lugar privilegiado e autêntico de comunicação, os gêneros são resultado de como funciona a comunicação escolar, segundo as suas especificidades linguísticas e discursivas. Neste sentido, este texto objetiva mostrar a importância da perspectiva sociointeracionista da linguagem e as noções de gênero e tipo textual – próprios dos estudos da linguística textual – para o desenvolvimento de práticas de leitura e escrita no ambiente escolar. Para isso, busca-se fazer uma releitura dos autores que tratam das concepções de gênero e tipologia textual, buscando compreender de que forma esse conhecimento pode permitir práticas escolares que contribuam para as aprendizagens e se aproximem das situações reais de comunicação. Visando contemplar essa perspectiva, propomos ainda algumas sugestões metodológicas a partir do gênero Diário de leitura. Nesse estudo, entre as principais contribuições, destacam-se Bakhtin (1997), Marcuschi (2008 e 2010) Schneuwly e Dolz, (1999), Bronckcart (1984), Koch (2015) e Vygostsky (1998a, 1998b).