Se, por um lado, os noticiários fazem uso de palavras e estratégias para contrapor o meio docente com a sociedade, por outro, o sujeito social entende como verdade única os fatos noticiados. Nesse ínterim, docentes tentam se defender do controle discursivo midiático acerca dos reais fatos reportados sobre os movimentos sociais. O movimento grevista é um dos poucos momentos em que os professores recebem holofotes na mídia, no entanto, através do uso de recursos lexicais e estratégias linguísticas para construir uma imagem estereotipada do professor grevista. O discurso sobre os docentes se materializa linguisticamente mediante a não neutralidade discursiva de marginalizar o movimento grevista em reportagens e notícias, bem como a (des)legitimação da voz dos professores no posicionamento social da educação básica no Brasil. Estas considerações decorrem de nossa investigação, através de dados empíricos, sobre poder e resistência no apagamento de voz dos professores, em relação à melhoria do seu trabalho e a tentativas de apoiar a categoria trabalhista. Dessa investigação mais ampla, o presente trabalho se justifica por compartilhar como é imposto o modelo hegemônico pelos meios midiáticos sob a classe docente. Para tanto, este artigo tem por objetivo analisar as ações discursivas do domínio jornalístico brasileiro na construção da (des)legitimação do sujeito professor. Especificamente, objetiva-se (1) destacar como as mídias detêm esse poder sobre a cognição social, observando se há manipulação implicitamente e modelo hegemônico; (2) apontar a relação que o discurso midiático mantém com o discurso social, a partir do artigo, Chega ao fim a absurda e violenta greve de professores no Paraná. Quem saiu perdendo? Os paranaenses! publicado na revista VEJA, no blog de Reinaldo Azevedo. O estudo desenvolvido segue percurso teórico-metodológico de Análise Crítica do Discurso, com base em Van Dijk (2012; 2015) e Falcone (2008), que defendem o processo de legitimação dos movimentos sociais de grupos estereotipados pelos membros dominantes da sociedade. Nesse sentido, a natureza heurística adotada de investigação desvela a constituição do poder midiático frente aos movimentos grevistas dos professores, em especial, do estado do Paraná, em 2015.