Entre as inquietações atuais presentes na esfera universitária, destaca-se a problemática acerca do domínio das práticas de leitura e escrita pelos graduandos. Como uma atitude responsiva diante desses debates, produzimos este artigo, situado nos estudos da análise dialógica da linguagem, com o objetivo de apresentar uma proposta de atividade pautada nas relações dialógicas que constituem o gênero charge e como as formas discursivas deste combinam-se para alcançar o propósito da atividade comunicativa. Nesse sentido, o gênero, enquanto enunciado concreto, será concebido como um elo na cadeia enunciativa à medida que retoma discursos já ditos e remete a outros, assumindo uma atitude responsiva, já que são ilimitadas as possibilidades e desdobramentos nas interações humanas. Baseamo-nos, para tanto, em duas obras do Círculo, Bakhtin (1997, 2011), Voloshinov (2006), e nas pesquisas de importante estudiosos: Brait (2002), Faraco (2009), Machado (1997, 2001), Morson & Emerson (2008), Faïta (1997), Fiorin (2008), Rodrigues (2005), dentre outros. Com base na natureza qualitativo-interpretativa, analisaremos uma proposta de análise a partir do gênero charge, mais especificamente das que abordoram a polêmica das biografias não autorizadas, uma das principais temáticas abordadas pela mídia digital e televisiva no segundo semestre de 2013, com vistas no desenvolvimento das capacidades de linguagem (DOLZ; SCHNEWLY, 2004; BRONCKART, 2006) de universitários recém-ingressos e cursistas da disciplina Português Instrumental. Entre as constatações, evidenciamos que a análise do gênero discursivo charge, à luz da perpectiva dialógica, permite que os universitários reconheçam parte da complexa rede discursiva, a qual é constituída por enunciados que assumem uma atitude responsiva sobre a temática em questão, as biografias não autorizadas, e, portanto, desenvolvem razoavelmente as capacidades de linguagem.