Neste texto, são apresentadas as análises de 26 documentos curriculares de capitais e estados brasileiros, elaborados no período de 2000 a 2011, em que se observaram as orientações referentes ao ensino da leitura no que concerne ao trabalho com os gêneros textuais. A fundamentação teórica que embasou este estudo considera a leitura como prática social (KLEIMAN, 1996 e 2004; ANTUNES, 2009), a língua como interação (BAKHTIN, 2000; GERALDI, 1997) e os gêneros textuais como instrumentos mediadores das ações da atividade humana (BAKHTIN, 2000; SCHNEUWLY, 2004). Foi adotada a abordagem da análise de conteúdo de Bardin (2011), para possibilitar a elaboração de categorias de análise, registro de sua frequência e interpretação do conjunto dos dados obtidos. Foram criadas 02 categorias: 1) material de leitura, objetivando observar a ênfase dada na diversidade de gêneros e seus suportes; e 2) contexto de produção do texto lido, visando a observar os aspectos sociodiscursivos dos textos lidos. Buscou-se, então, identificá-las e analisá-las nos diversos contextos em que apareciam nos documentos. Os resultados demonstraram que essas categorias estão presentes na maioria das propostas curriculares (ambas em 84,61% dos documentos), evidenciando, assim, a orientação para um trabalho de leitura na perspectiva dos gêneros textuais. Com relação à primeira categoria, a ênfase maior foi na diversificação dos gêneros textuais. Quanto à segunda, foi mais enfatizada a reflexão sobre os autores dos textos lidos. Os documentos estão, portanto, em sintonia com o que se tem defendido nos estudos mais recentes na área de leitura, uma vez que se assume a leitura como uma prática social.