A diversidade de gêneros é uma característica perceptível nas interações sociais, especialmente nas sociedades imersas no mundo da escrita. Essa diversidade ocorre porque os sujeitos precisam atender a diferentes situações de interação verbal em diferentes momentos e lugares. Desse modo, podemos observar que os gêneros – orais e escritos – surgem, modificam-se e desaparecem para dar conta dessas demandas sociais. Como referencial teórico, usamos Marcuschi (2008), que diz que “os gêneros textuais ancoram na sociedade e nos costumes e ao mesmo tempo são parte dessa sociedade e organizam os costumes, podem variar de cultura para cultura. Muitas vezes, refletem situações sociais peculiares com um componente de adequabilidade estrutural, mas há um forte componente de caráter sociocomunicativo”. E Bakhtin (1992) quando afirma que, “a língua é de natureza social e seu estudo deve dar conta da significação completa. A palavra não existe fora de contexto social e os falantes servem-se da língua para suas necessidades comunicativas”. Assim, sustentamos que para haver transformações na relação ensino-aprendizagem, faz-se necessário um redimensionamento na forma de trabalhar a língua, mais especificamente as habilidades de leitura e escrita; e hoje é quase consensual que esse trabalho deve ter como ponto de partida os variados gêneros discursivos. A partir disso, este estudo consiste em realizar um trabalho com os gêneros textuais: Romance-folhetim, Conto de terror e Novela e por meio de uma sequência didática fazer uma reflexão sobre os gêneros textuais, as possibilidades de leitura em sala de aula e comparar a leitura do romance-folhetim com as histórias que eram contadas na cidade de Recife e, por fim, a produção de uma novela por parte dos alunos. A proposta de uma perspectiva interdisciplinar é um caminho importante para a formação do jovem leitor no ambiente escolar. De modo geral, o objetivo desta análise é refletir as peculiaridades dos gêneros textuais em questão – elencando suas proximidades e distanciamentos – e discutir sobre até que ponto as sequências didáticas que foram propostas em sala de aula contribuíram para o crescimento e formação dos alunos como leitores críticos e conhecedores de sua cidade. Para a realização deste trabalho, criamos uma sequência didática para ser aplicada em sala de aula, com alunos do 9º ano, de uma escola pública municipal, localizada no bairro de Tejipió – Recife. Tivemos como ponto de partida, a discussão e reflexão do estudo teórico dos gêneros textuais usados nesta pesquisa, para que os alunos tivessem domínio das condições de escrita de cada gênero e pudessem usá-las posteriormente. No decorrer da sequência didática elaborada neste artigo, usamos o romance-folhetim “A emparedada da Rua Nova”, de Carneiro Vilela, que foi publicado em Pernambuco no final do século XX. Por fim, constatamos que é proveitoso pensar na elaboração de diferentes estratégias didáticas para atrair a atenção dos alunos para a leitura, mesmo que, para a obtenção de melhores resultados, seja preciso recorrer a diversos gêneros textuais e de maneira interdisciplinar.