Notoriamente, vivemos em uma sociedade marcada por diversas práticas discursivas, onde cada uma destas é pautada por jogos de interesses ou reivindicações de determinada camada ou grupo social. Com efeito, o nosso cotidiano torna-se palco de diferentes discursos, tendo uns mais respaldo e outros ficando relegados à marginalidade. Disto decorre que o discurso tanto pode ser algo usado para dominar e manter o poder, como também pode ser uma forma de resistência ao poder vigente. Isto torna patente a importância política desempenhada pelas práticas discursivas dentro de nossa sociedade. Nesse sentido, buscaremos investigar as seguintes questões: Quais são os mecanismos existentes na sociedade que visam controlar as diferentes práticas discursivas e porque estes garantem mais credibilidade e respaldo à determinados tipos de discurso em detrimento de outros? Para realizarmos tal investigação recorreremos a uma pesquisa bibliográfica e de revisão de literatura, onde utilizaremos algumas reflexões feitas por Michel Foucault, em sua obra A ordem do discurso. Também utilizaremos outros elementos do pensamento Foucaultiano, bem como alguns conceitos do filósofo Karl Marx, como: Ideologia e antagonismo de classes. Por meio deste trabalho, esperamos apontar algumas imbricações políticas e ideológicas relacionadas a algumas formas de discurso que surgem em nossa sociedade, tendo em vista que cada uma destas possuem intencionalidade e direcionamento, pois os discursos não surgem ao acaso. Neste sentido, Foucault nos alerta que há uma estreita relação entre saber e poder, tendo o poder a capacidade de gerar novos saberes e novos regimes discursivos que se atrelam a estes. De posse disto, e partindo da concepção marxista de antagonismo de classes, podemos inferir que havendo um poder hegemônico, que seria vinculado a uma classe dominadora, este se tornaria um vigoroso mecanismo de controle ao surgimento e a difusão dos discursos. Dentro desta perspectiva a classe exploradora seria detentora de um discurso hegemônico, por outro lado a classe explorada também produziria seu discurso, sendo que este ficaria relegado à marginalidade e se configuraria em uma forma de resistência.