Frequentemente os conteúdos culturais ensinados em sala de língua estrangeira estiveram ligados a conhecimentos pontuais e enciclopédicos, ou seja, a acumulação de temas considerados relevantes para aquela cultura-alvo. Em consequência, esses temas eram disseminados para os que a estudam, reproduzindo imagens redutoras que se aproximam dos estereótipos. Durante muito tempo, a imagem da França e da sua cultura esteve relacionada à sua língua. Constantemente chamada de língua de Molière, os valores de uma civilização singular eram confundidos às qualidades atribuídas a uma língua e literatura de prestígio (CUQ, 2003). Na aula de língua estrangeira torna-se mais evidente a relação entre língua e cultura e qual o espaço que a cultura assume no ensino de línguas estrangeiras. Como aponta Zarate (1993), a sala de aula é muitas vezes o único local onde o aluno tem contato com a língua e cultura estrangeira, possibilitando evidenciar as relações entre a cultura de origem e a cultura-alvo. Muitos autores já tentaram criar uma nomenclatura que abarcasse essa relação indissociável entre língua e cultura, podemos citar, linguaculture (KRAMSCH,1989; FANTINI, 1995), languaculture (AGAR, 1994), e o último termo traduzido para o português, língua-e-cultura (BYRAM e MORGAN, 1993). Apesar da tentativa de criar uma palavra que mostre essa estreita relação, o ensino da cultura esteve muitas vezes reduzido ou ausente, recaindo todo o estímulo para o ensino da língua predominando a aprendizagem dos conteúdos linguísticos. O objetivo do presente trabalho é identificar e analisar quais conteúdos culturais são apresentados no livro didático de Francês Língua Estrangeira (FLE) Écho A1 (2010). O nosso aporte teórico consistirá nos trabalhos desenvolvidos por Moran, Zarate, Beacco e Van der Sanden.