O trabalho com a literatura no Ensino Fundamental II ainda é reflexo do espaço em que ela ocupa nos documentos oficiais. Isto é: a literatura é vista como mero suporte para o ensino de língua, sendo muitas das vezes apresentada e trabalhada através de pequenos fragmentos (descontextualizados, vale salientar). Com esse tipo de abordagem, a literatura perde o seu encantamento e, sobretudo, o seu valor estético-cultural; além disso, torna-se difícil ocorrer o letramento literário, por parte dos discentes, já que o contato direto com as obras fica comprometido. Diante das dificuldades enfrentadas, referente à leitura e à compreensão do objeto literário, o trabalho do docente ganha grande relevo, já que o incentivo à literatura tende a partir do professor, que, com intuito teórico-metodologico, pode começar a introdução ao universo literário através de obras pertencentes ao universo dos alunos, estimulando-lhes a leitura, como, por exemplo, por meio dos Best Sellers, que por muitas vezes não são trabalhados em sala de aula por que carrega consigo o estigma de produto de massa e, por isso, alguns professores depositam um certo “preconceito” diante desse tipo de obra. Porém, é necessário que haja uma abertura por parte dos docentes para o “diferente”, o não canonizado, pois com o incentivo dessas obras poderá haver a possibilidade de, futuramente, o aluno se interessar pela leitura de obras da literatura clássica. Sendo assim, para que o ensino de literatura se efetive em uma realidade de alunos do século XXI, é necessário se desvencilhar das ideologias dominantes sobre teorias e literaturas. Nessa perspectiva, os estudos de Cosson (2006) podem ser de grande relevância para avançar a abordagens mais ampliadas. Para tanto, Cosson (2006) apresenta uma sequência dividida em quatro momentos, o primeiro momento é trabalhado com um elemento motivador, no qual o professor prepara algo dinâmico relacionado ao tema da obra literária, o segundo é a introdução que será apresentada a respeito da obra e autor escolhidos pelos discentes e o docente, o terceiro momento é a leitura individual do aluno, e por fim, o quarto passo, será a interpretação da obra, em que deve ser socializada através de discussões compartilhadas, fazendo com que o ensino de literatura tenha como base a interação entre professor e aluno, dos alunos entre si e do aluno-leitor com a obra. Conclui-se que atráves de uma sequência didática, que parte de obras próximas do universo de interesse do aluno, poderá haver um letramento literário.