A concepção de alfabetização que norteou o processo educacional no Brasil esteve, durante muitos anos, focada na repetição, na memorização e na cópia passiva de modelos. A partir da década de 80, essa convenção começou a ser questionada principalmente após os trabalhos de Emília Ferreiro e Ana Teberosky sobre a Psicogênese da Língua Escrita. A partir daí, defende-se uma prática baseada na teoria psicogenética de aprendizagem da escrita que possibilita à criança a apropriação do sistema de escrita alfabético a partir da interação com textos diversos e através de atividades significativas de leitura e produção textual na escola. Em 2012, o Governo Federal implementou entre os seus programas de formação continuada, o Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa – PNAIC, buscando contribuir com a formação de professores que atuam no ciclo de alfabetização. No entanto, percebemos a partir dos resultados da ANA (Avaliação Nacional da Alfabetização) 2014, que ainda há muitos entraves que carecem ser resolvidos, pois, mais de 50% dos alunos chegam ao segundo ciclo do Ensino Fundamental em níveis insuficientes de alfabetização. Diante disso, propomos um trabalho que pense este ciclo como a continuação e retomada dos conhecimentos construídos (ou não) no ciclo anterior em que a aquisição do sistema alfabético e a consciência metalinguística caminham juntas. Temos como objetivo analisar as hipóteses e estratégias de escrita utilizadas por alunos não alfabetizados na produção de listas temáticas, propondo atividades que possibilitem/permitam o desenvolvimento da consciência metalinguística e da escrita alfabética na produção de texto. O tema que norteia este trabalho é a consciência metalinguística a serviço da construção da competência escrita, tendo como suporte as listas temáticas e a utilização delas para identificar e promover o avanço nos níveis de escrita das crianças. É uma pesquisa empírica, de abordagem qualitativa e natureza aplicada, com foco na análise de um corpus composto por textos do gênero textual lista, produzidos por alunos do 4º ano do Ensino Fundamental que, segundo suas professoras do 3º ano, não estão alfabetizados. Quanto à escolha do objeto, optamos pelo estudo de caso por acharmos que ele vem de encontro aos nossos objetivos.