As imagens caracterizam recursos bastante relevantes à elaboração de qualquer publicação voltada ao pequeno leitor ou à sua instrução elementar. No caso dos livros de leitura adotados pelas escolas brasileiras no final do século XIX e início do século XX, as ilustrações cumpriam funções específicas que convergiam com a intenção pedagógica dos textos ligados à alfabetização e à inserção na cultura letrada. Nesta perspectiva, propomos realizar uma leitura das gravuras que compõem duas coletâneas poéticas bastante representativas do período: Livro das Crianças (1897), da escritora e educadora paulista Zalina Rolim, e Poesias Infantis (1916), do escritor carioca Olavo Bilac, obras integrantes do processo de renovação do ensino propagado durante a implantação da Primeira República no país. Preocupamo-nos, mais especificamente, em mostrar de que maneira as ilustrações representavam, junto aos versos, a valorização dos estudos e o ensino das primeiras letras, destacando sua relação direta com a formação virtuosa das crianças, trazendo novas perspectivas de leitura ou acrescentando ideias que as poesias apenas deixavam implícito. Apresentando estilo de clara influência dos impressos europeus, as imagens presentes nos volumes, à primeira vista apenas voltadas para uma ornamentação estritamente descritiva, estariam aparentemente ligadas à memorização do conteúdo dos escritos, corroborando para a propagação de seus valores morais e representações sociais. Para embasar o nosso trabalho, nos valemos principalmente dos apontamentos de Camargo (1995, 1999), Coelho (1991), Carvalho (1990), Costella (2006) e Lajolo (1982), compreendendo o material visual dos compêndios a partir do seu contexto de produção, também levando em consideração seu direcionamento infantil.