Não é contemporânea a proposta de personificar rezadeiras e bruxas em obras da literatura infantil, quase sempre, postas sob a caracterização de mulheres anciãs, que possuem poderes mágicos, causando repulsa e medo em todos que as cercam. Dessa forma, nas histórias infanto-juvenis, de forma implícita, é caracterizado o sagrado feminino, sob a representação destas personagens. Neste artigo, iremos analisar a obra Sebastiana e Severina (2002) de André Neves, observando como, no decorrer da narrativa, o autor caracteriza a personagem feminina Dona Zefinha, que traz consigo marcas que possibilitam uma leitura de representação desse sagrado. Na obra, Severina e Sebastiana, rendeiras de mão cheia e grandes amigas, recorrem a velha rezadeira, depois de se encantarem com o mais novo forasteiro da cidade, na tentativa de conquistar seu coração. Toda a história se passa em meio a uma festa religiosa do interior do nordeste – festa de São Sebastião -, atribuindo mais ainda a narrativa um caráter místico, em que desejo e fé se sincretizam.