Este ensaio tem como escopo apresentar uma breve proposta de ato político de leitura em sala aula com as literaturas africanas e afro-brasileiras contemporâneas – constituindo-se como entidades autónomas das literaturas ocidentais ao tomar seu lugar de legitimidade, numa postura que denominamos de decolonialidade. O “motivo” preponderante de algumas obras literárias é o de mostrar a luta e o caminho para a independência, mesmo com todo o domínio da “máquina colonial”. Propomos aqui realizar breves reflexões estéticas e sociológicas sobre a pertinência da busca de um “lugar” da literatura africana nas salas de aula brasileiras, tomando como base o pensamento de Mignolo (2003) e Ludmer (2007). Cotejando leituras dos estudos culturais, pós-estruturalistas e pós-coloniais, discutimos as ideias de “desobediência epistêmica”, de “decolonialidade ou descolonialidade” (MIGNOLO, 2008), a relação linguagem e poder, a proposição de “literaturas pós-autônomas” (LUDMER, 2007). Pensamos em uma “leitura” do texto literário para nutrir o processo de adequação dos projetos de ensino de leitura escolares, de acordo com a Lei 10.639/2003.