Silvina Ocampo figura-se, atualmente, como um dos grandes expoentes da literatura fantástica rio-platenese do século XX. Durante seus anos dedicados à literatura, debruçou-se aos mais diversos gêneros literários, publicando poesias, contos, romances e textos teatrais. Possuindo uma escrita própria e peculiar, suas obras revelam traços característicos bem marcados, podemos citar, entre outros, a infância figurada pela presença de crianças perversas, personagens que sofrem fantásticas metamorfoses, a duplicidade de personagens e a presença de imagens especulares, característica que comparte com outros escritores como Jorge Luís Borges. No tocante às imagens especulares, o conto Cornelia frente al espejo, publicado no livro homônimo,em 1988, representa um dos mais significativos ao tema na escrita de Silvina Ocampo. Este conto apresenta uma celebração dos seus contos anteriores, revelando elementos já vistos em sua vasta escritura. O objetivo do presente trabalho é analisar o conto Cornelia frente al espejo, através dos seus elementos intertextuais, analisando o espaço habitado inquietante, assim como a enigmática figura do espelho. Para tanto, utilizaremos como embasamento teórico os escritos de Bachelard, Durand e La Belle.