A memória é um componente organizador das lembranças passadas e um ícone formador da identidade social do indivíduo humano. Nesse sentido o presente trabalho tem o objetivo de destacar os efeitos de memória e história social para a formação de novas identidades para os personagens do romance O Vendedor de Passados, do escritor africano José Eduardo Agualusa. A história estabelece relações com a memória onde se conservam informações referentes a funções psíquicas e pode ser identificada como alimento da memória sendo, simultaneamente, tomada como uma das fontes de informação para a construção de um saber histórico. Sendo assim, a memória desempenha um papel importante na construção da identidade do indivíduo. Ela tem o passado como mecanismo de confirmação e preservação dos fatos e estórias narrados pelos sujeitos ao longo do tempo. Esse resgate na memória distante serve de suporte para o presente e pode ser considerado como objeto de atualização do passado. Pode-se dizer então, de acordo com o exposto acima, que os personagens do romance passam por crises de identidade que os colocam em estágio de exclusão. Essas crises são resolvidas por Félix Ventura através de seu trabalho pautado em estratégias identitárias que se encarregam de criar novos passados aos indivíduos não satisfeitos com o seu verdadeiro passado entes da guerra civil. Tais criações resultam em uma modificação do indivíduo a partir de seu novo passado que torna-se memorável através de álbuns de fotografias os quais tornam-se criadores de um novo passado histórico.