Esse trabalho aborda a atuação dos professores índios nas comunidades indígenas situadas no Estado do Maranhão, no âmbito do Território Etnoeducacional Timbira sob o enfoque do aprimoramento legal dos mecanismos dispostos à efetivação da educação diferenciada dos índios. A partir da coleta dos dados da pesquisa, objetiva-se identificar o cenário atual desse modelo de ensino nas aldeias Lago Branco, Marajá e Rio Corda, realizando um paralelo entre a previsão legal e a realidade vivenciada nestas comunidades. Ressalta-se que a figura dos Territórios Etnoeducacionais como responsável por desenvolver uma nova gestão da educação escolar indígena estabelece em linhas teóricas o índio como protagonista do processo de ensino, nas camadas de decisão e emprego dentro de uma abordagem de ensino que identifique e trabalhe as fronteiras culturais das diversas etnias espalhadas pelo território brasileiro sem ater-se aos limites territoriais dos Estados membros nacionais. O método de pesquisa empregado utilizou-se de entrevistas com os professores Mauro Pinheiro Filho Guajajara, Antônia da Conceição Guajajara e Sebastiana Joana Guajajara, que atuam na educação básica indígena nos Municípios de Barra do Corda e Arame no Estado do Maranhão. Os questionamentos realizados estão inseridos na nova temática do ensino diferenciado representado pela conquista jurídico-política da superação de um ultrapassado modelo de educação escolar indígena de cunho integracionista e pontuaram-se nos seguintes tópicos: (1) a efetiva participação dos professores na composição do currículo do curso de formação; (2) a autoria de material didático fornecido a escola indígena e sua correspondência com o aparato cultural da comunidade; (3) o uso de material bilíngue ou na língua materna dos alunos; (4) a vivencia desse profissional naquela comunidade onde atua; e (5) a visão sobre o TEE Timbira e as possíveis deficiências vivenciadas no cotidiano desses profissionais. As conclusões obtidas são que apesar das mudanças no plano legal simbolizarem um novo patamar atingido no processo histórico de afirmação cultural dessas populações tradicionais o cenário atual nas comunidades pesquisadas, quanto aos professores da TEE Timbira, é de atraso no processo de por em prática essas inovações em consonância com os ditames constitucionais. O distanciamento dos professores do debate, tanto na concepção do TEE quanto na formulação do currículo do curso de formação de magistério, denunciado pelos professores nas entrevistas, pano de fundo desse trabalho, demonstram que não está sendo respeitado o modelo proposto quanto à audiência das populações indígenas. Outra deficiência apontada na observação dos dados colhidos refere-se à inexistência de produção de material didático por esses professores no decorrer do curso de magistério o que não simboliza com o modelo proposto na concepção dos TEEs. Por fim, apesar das aulas serem ministradas na língua materna desses índios, a carência de material didático bilíngue é um obstáculo ao trato interétnico, o que não contribui com a ambição de emancipar o índio não somente do ponto de vista da educação, mas, principalmente em relação a sua rica cultura.