Este trabalho discute a relação entre Educação e Economia Solidária a partir da análise de duas experiências de construção do conhecimento em Economia Solidária. Essas experiências tanto denunciam uma educação institucionalizada, posta à serviço do capital e da manutenção de uma sociedade de desigualdades, quanto as possibilidades de uma reinvenção da educação e da escola, que livre das imposições que contribuem para a manutenção desse sistema, passe a alimentar os valores de uma economia pautada na solidariedade. A análise deste trabalho foi construída a partir dos estudos dos materiais da experiência do curso de especialização EJAECOSOL da Universidade Federal de Campina Grande – UFCG, na Paraíba e do curso de Formação de Formadores em Economia Solidária do Centro de Formação de Formadores em Economia Solidária do Nordeste, coordenado pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. Discute-se, a partir de um referencial marxista, que numa sociedade historicamente marcada por profundas desigualdades, a educação, também historicamente, é pensada e implementada a partir de um polo único de poder como uma das formas de garantir os meios de reprodução do sistema vigente. Portanto, a natureza das decisões políticas que caracterizam a escola está ligada aos interesses da classe dominante. Assim, a educação e os sistemas educativos têm sido organizados para legitimar e naturalizar a ordem social e cultural que mantém o sistema de privilégios e a reprodução do capital. Ao discutir a Economia Solidária e sua relação com a educação, pretendeu-se apreender o significado dessas experiências na construção e sistematização de processos educativos que valorizem, visibilizem e dê uma certa concretude às possibilidades de uma educação para uma economia da solidariedade. As experiências analisadas demonstram outros processos de educação que se desenvolvem e que, ao dialogarem com os sistemas formais de educação, ampliam as possibilidades de vincular o fazer educativo da escola ao crescente movimento de valorização de outras formas possíveis de organização e reprodução da vida. Assim, esta pesquisa assume a concepção ampliada da Educação e situa, em torno desta, a perspectiva de uma Educação Popular como uma prática educativa ligada permanentemente ao fazer do povo organizado e suas condições objetivas.