Este artigo pretende fomentar as discussões sobre os processos de formação, profissionalização e autonomia dos professores partindo de uma pesquisa que está sendo desenvolvida dentro do PPGE da Faculdade de Educação da Baixada Fluminense - FEBF/UERJ, trazendo breves considerações sobre a Residência Docente a partir das formulações dos seus projetos de lei, que tramitam em fluxo de aprovação para instituição de uma política pública de formação em exercício, ou seja, dentro da própria profissão. As problemáticas que giram em torno das formações inicial e continuada docentes vêm sendo abordadas com mais ênfase nos fins da década de 70 com a valorização das pesquisas de cunho (auto)biográfico, na década de 80, no contexto pós-ditadura, e também pelas reformulações dos cursos de pedagogia que na Resolução CNE/CP Nº 1, de 15 de maio de 2006, propõe a realização do estágio supervisionado ao longo do curso e não mais enquanto etapa final, assegurando aos graduandos a experiência do exercício profissional em ambientes diversificados. No entanto, havia uma discordância entre as 300h destinadas para tal atividade. Se por um lado alguns professores e discentes do curso acreditam que a carga horária destina ao estágio é mais que suficiente, por outro lado, existem aqueles que acreditam na insuficiência. É importante considerar que durante muito tempo o “corpo” docente foi dividido entre os que assumiriam a elaboração do conhecimento pedagógico e aqueles que ficariam destinados apenas à aplicação de tais conhecimentos. Mesmo com a aparente redemocratização dos cursos de formação, os saberes docentes ainda aparecem enquanto descredenciados, desautorizados e desvalorizados diante dos produtores acadêmicos do conhecimento, proporcionando certa distância e conflito entre os saberes teóricos e práticos dentro das realidades escolares, gerando muitas vezes uma ideia de “autonomia ilusória”. É justamente nessa conjuntura que entra a Residência Docente, como formação ulterior a formação inicial, mas que propõe uma formação continuada com uma carga horária muito superior ao estágio supervisionado, além de buscar solucionar os dilemas vivenciados no dia a dia dos professores da educação básica tomando como base a formação dentro de comunidades de prática, considerando não apenas os conhecimentos teóricos e acadêmicos, mas também os saberes experienciados a partir da própria prática do professor da educação básica. Por isso, considera-se a Residência enquanto uma nova perspectiva formativa, ponderando sobre a inspiração na Residência Médica e também sobre a importância dos saberes docentes para a sua (auto)formação, diante dos coletivos diversos e das possibilidades de uma educação inclusiva. Desta forma, pensando na consolidação da Residência, acredita-se numa quebra de paradigmas sobre o ideário de autonomia docente, visto que a formação que percebe os professores da educação básica como formadores dos seus pares já nos exige um novo olhar para os saberes construídos fora das academias. Para embasar o nosso trabalho nos utilizaremos de autores tais como: Nóvoa (2009/2013), Contreras (2012), Tardif (2014), Souza (2014), entre outros.