Estudos no âmbito das Ciências do Trabalho (CLOT, 1997, 2010; AMIGUES, 2004), revelam que existe uma distância entre o trabalho prescrito e aquele que é realizado. A partir desse entendimento, buscamos, com este artigo, discutir acerca das autoprescrições que o professor faz para si mesmo, ou nas palavras de Machado (2009), o trabalho planificado, isto é, aquele projetado pelo próprio trabalhador para atingir seus objetivos. Nesse contexto e compreendendo que nosso agir linguageiro está organizado na forma de gêneros (BRONCKART, 2008 [1999]), objetivamos, mais especificamente, refletir sobre autoprescrições de uma professora de língua inglesa no trabalho com gêneros para alunos com deficiência visual. Para tanto, nosso corpus se constitui de diários produzidos pela professora, a partir de aulas ministradas no Instituto dos Cegos da Paraíba Adalgisa Cunha - ICPAC, na cidade de João Pessoa - PB, durante o ano letivo de 2012. A leitura dos dados gerados evidencia medos e incertezas no trabalho planificado pela professora, uma vez que o planejamento das aulas partia da sua experiência visual do mundo, e o trabalho realizado mostra não apenas como a professora foi ressignifando suas próprias prescrições, mas como ela foi reconstruindo suas representações do trabalho com gêneros para pessoas cegas e com baixa visão. Além disso, acreditamos que o conhecimento partilhado nesta pesquisa contribui para uma ampliação da nossa compreensão de como os alunos com deficiência visual utilizam e aprendem os gêneros textuais/discursivos, fornecendo, desse modo, subsídios teóricos e práticos para os professores de língua inglesa em formação inicial e continuada.