Segundo Larrosa (2002, p. 21) “a experiência é o que nos passa, nos acontece, o que nos toca. Não o que se passa, o que acontece, o que o toca”, e na atual sociedade do excesso de informação, presenciamos cotidianamente uma avalanche de fatos e notícias que nos provocam as mais diversas reações e sensações. Entretanto, parece que nada mais nos comove e nos marca ao ponto de se tornar essencial. O indivíduo contemporâneo é marcado por muitas vivências e poucas experiências.
Benjamin (1985) fala sobre a pobreza da experiência, revelando o indivíduo que se desconecta do passado vivendo de forma superficial e sem identidade. Larrosa (2002) ao falar da experiência revisando Benjamin, demonstra que sua carência se encontra na medida que nos tornamos muito informados, cheios de opinião, trabalhando em excesso e sem tempo.
Deste modo diante dos conceitos acerca da experiência apresentados, vamos olhar para o conto Felicidade clandestina e presenciar a transformação de uma menina que ao se deparar com as Reinações de Narizinho, de Monteiro Lobato, sofre o processo de busca por sua leitura. E uma vez com o livro em mãos, deixa de ser uma devoradora de livros, como a própria Clarice se intitula, para ser uma apreciadora das palavras que contempla plenamente a experiência que a leitura pode nos provocar.
A experiência vivida por Lispector(2002), e a compreensão de Benjamin(1985) pode nos levar a pensar na experiência voltada para educação, e suas implicações sobre o indivíduo que participa do processo educativo, dessa forma a refletir a experiência de aprendizagem desenvolvida dentro e fora da escola.
Na sociedade onde a experiência se torna cada vez mais rara, pensar nesse conceito voltado para educação, é refletir em como temos realizado e vivido o processo de aprendizagem uma vez que as experiências que construímos refletem na sociedade que participamos.