A partir do pressuposto de que a formação dos docentes como leitores dá-se num campo de tensões entre os períodos de socialização primária, escolar e profissional, o presente trabalho tem como objetivo indicar possíveis relações entre a herança cultural legada pelas famílias aos sujeitos, o processo de escolarização e as disputas simbólicas evidenciadas durante a formação inicial num curso de Letras. Para empreender a análise do corpus, composto por relatos autobiográficos de professores de língua portuguesa da rede estadual de educação de Pernambuco, lançou-se mão dos conceitos de “capital cultural”, “campo de produção simbólica”, bem como de postulados da Sociologia da Leitura e da Análise do Discurso. No que tange aos critérios de julgamento de obras ditas literárias, os resultados das análises apontam para um possível quadro de tensões relacionadas à formação de professores como leitores e revelam a inserção desses profissionais num campo de disputas simbólicas durante a formação inicial.